sábado, 6 de julho de 2013

Espelho

Me olhei no espelho. 
Decepção. 
Aquele rosto não é meu. 
Aquele não sou eu. 
Eu não sou assim tão velho. 
Eu me considero uma criança. 
Quase um menino. 
Ainda sou capaz de sonho, esperança e desatino.
E velho só tem achaque e saudade.
Eu, que nunca me preocupei com minha idade, vê-la refletida num pedaço de cristal... Que pecado capital. 
Vou levar a vida que me resta.
Os meus últimos dias.
Em uma eterna festa.
Sem tristezas ou agonias.
E a quem me for coevo, me atrevo a um conselho:
Nunca se olhe num espelho.


Murilo Teixeira

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